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A “operação de guerra” do RH do Einstein para lidar com o coronavírus

Autor: Tamires Vitorio/ Exame

Postagem original aqui

Publicado em: 01/04/2020 às 15h22 - Alterado em: 01/04/2020 às 16h50



A pandemia do coronavírus não afeta somente o bolso das empresas — a área de recursos humanos, por exemplo, tem sido profundamente impactada com a crise.


Some todos os problemas normais da área em meio à confusão e adicione outra variável: ser diretora de RH do Hospital Albert Einstein. “Colocamos para baixo toda a forma de organização que tínhamos até então”, diz Miriam Branco, do Einstein.


Para reorganizar a forma de trabalho, Miriam criou squads dentro do RH — um é responsável pela contratação de novos profissionais, por exemplo; outro pelo treinamento dos profissionais da área da saúde sobre a covid-19 que ficarão três meses na empresa; e mais um para cuidar de toda a alimentação e dos funcionários.


“Prevendo que as pessoas vão ter de dedicar mais horas do que imaginavam no trabalho, reservamos um hotel para nossos colaboradores”, conta. “Estamos o tempo inteiro redimensionando as pessoas dentro da instituição.”


Gestão de crises versus gestão de pessoas: foi esse o tema do exame talks desta tarde. Em momentos complicados como este, o papel do RH se torna ainda mais latente. “Você tem de ter um acolhimento enorme da equipe para reduzir a ansiedade dela. Sinto de uma maneira geral, da alta liderança, o desejo de batalhar maior do que o medo”, afirma Sofia Esteves, CEO da Cia de Talentos.


Para cuidar do emocional de enfermeiros e médicos, foi criado no Einstein o “Ouvid”, voltado para a saúde mental dos colaboradores. “A gente só consegue estar preparado para lidar com os problemas ouvindo os funcionários. É muito importante ouvir os sentimentos das pessoas. A comunicação é fundamental”, afirma Miriam.


Sobre o que as pessoas podem fazer para ajudar os médicos, Miriam afirma que o essencial é “ficar em casa” para ajudar a não ocupar todos os leitos dos hospitais. “O grande aprendizado que estou tendo nesse processo todo é como as pessoas querem colaborar”, diz Miriam.


Miriam conta que tudo que foi pensado sobre revolução digital acabou sendo colocado em prática com a crise. “Quando falo de trabalho remoto, a gente já vem há dois anos discutindo sobre a sustentabilidade e sobre a possibilidade de fazer alguns trabalhos à distância. A gente consegue perceber que aquilo que vem sendo implantado, com a crise, é muito mais fácil quando é coerente com seu discurso, com sua cultura, com seus valores”, conta Miriam. “O trabalho remoto depende de uma confiança”, completa a diretora de RH do Einstein. Até as entrevistas de emprego estão sendo feitas remotamente.


Sobre a contaminação da mão de obra do Einstein, Miriam afirma que o hospital está “fazendo o acolhimento para que essas pessoas se cuidem e depois possam voltar ao trabalho.” “As pessoas estão pegando covid por estar dentro do hospital, nem todos são profissionais de saúde. Estamos olhando o que está acontecendo nos outros países e o que está acontecendo dentro do nosso corpo de profissionais”, afirma Miriam.


A telemedicina, para a diretora de RH, pode ajudar a resolver problemas na saúde brasileira. “A tecnologia pode nos ajudar muito. Muita gente foi colocada para trabalhar de casa e está acontecendo. É uma questão de olhar para isso com a seriedade que precisa”, diz Miriam. “A área de saúde precisa de gente e de capacitação.”


Para Miriam, o maior desafio do hospital no momento é “o tempo”. “A liderança está trabalhando 24 horas. Eu ando sonhando com o trabalho, é uma responsabilidade gigante no momento de fazer acontecer. Em momentos de crise, a liderança é colocada à prova, sem desconsiderar o receio que as pessoas têm”, diz Miriam.

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